Entre as séries envolvendo o encanador italiano mais famoso do mundo dos games, Mario & Luigi certamente é uma das mais populares e amadas pelos jogadores. A franquia, que nasceu no GameBoy Advance em 2003, teve seu último título lançado para o Nintendo 3DS em 2019, sendo um remake do celebrado Bowser’s Inside Story.

Com a falência da desenvolvedora Alpha Dream em Outubro de 2019, a série entrou em hiato. Cinco anos depois, quando os fãs já haviam desistido de esperar por um novo título, Mario & Luigi Brothership foi revelado durante uma Nintendo Direct, com excelente recepção por parte do público. Mas será que vale a pena?

Luigi Rouba a Cena!

O grande diferencial da franquia felizmente está presente em Brothership: a comédia. Piadas aparentemente bobas e situações absurdas são o prato principal de Mario & Luigi, o que fica ainda mais evidente pelo fato dos irmãos bigodudos praticamente não falarem nada que possa ser realmente compreendido durante toda a aventura (com exceção de frases como “let go!” ou “Mariooooo”).

O medroso Luigi é a parte mais preciosa desta edição de Mario & Luigi, trazendo a sua imaginação como grande diferencial. Se em Dream Team do 3DS o encanador verde apresentava poderes especiais, aqui ele tem as curiosas “Luigideias”, que são soluções para os problemas encontrados na jornada.

Luigi pode, por exemplo, dar as mãos ao seu irmão e transformá-los em um criativo helicóptero. Um buraco apertado está no caminho? Sem problemas! O Mario Verde forma uma bola e a questão está resolvida. Ninguém supera este irmão mais novo!

É Arte Pura!

Apesar de contar com uma boa identidade visual, a franquia Mario & Luigi sempre esteve limitada pelo hardware dos consoles portáteis que lhe serviram de casa. A pixelart dos títulos de GBA, o aspecto mais cartunesco das edições de Nintendo DS e os gráficos quase que poligonais do 3DS certamente eram agradáveis, porém o desejo secreto de ver a série em alta definição morava no coração dos fãs.

É com muito prazer que afirmo sem medo: Mario & Luigi Brothership possui gráficos maravilhosos, num nível quase surreal para o poder de processamento do Switch. O visual do game é quase uma aquarela, uma pintura a mão com cores vivas e vibrantes. A sensação que o jogo passa é a de se ter adentrado em um mundo mágico e fantástico, onde tudo é possível.

Batalhas Sem Limites!

O sistema de batalha encontrado em Brothership pode ser definido em uma única palavra: diversão. Apesar de ser organizado em turnos, o combate exige que os jogadores apertem botões no momento certo para desviar de golpes, efetuar contra-ataques e aumentar o dano dos movimentos utilizados. Mas isto sempre fez parte da franquia Mario & Luigi, então qual é o diferencial desta nova versão?

As belas animações dos inimigos, aliadas aos movimentos graciosos dos irmãos encanadores, tornam o simples processo de batalhar uma atividade extremamente prazerosa. Como em um RPG o ato de “farmar” é necessário, pois é preciso subir de nível para enfrentar os chefes de cada etapa da história, ter um game que consegue deixar essa atividade divertida vale ouro.

Falando em especial das batalhas de chefões, o encanador assustado, mais uma vez, brilha ao trazer um elemento de inovação. Luigi sempre encontra uma maneira de causar mais dano à inimigos perigosos, utilizando uma Luigideia para explorar uma brecha no padrão de ataque do adversário ou algum elemento em específico do cenário. Em um dos primeiros confrontos contra chefe, por exemplo, Luigi arremessa uma planta carnívora contra um ventilador, deixando o inimigo confuso e o incapacitando por um turno.

Na Dose Certa

O ritmo de progressão de Mario & Luigi Brothership é basicamente o ápice da franquia. Por mais que títulos como Dream Team e Paper Jam apresentassem novidades constantes durante a campanha, a falta de equilíbrio entre o tamanho de cada área explorada sempre me provocou cansaço e, de certa forma, tédio. Este ponto vale dez mais atualmente por conta da cultura de consumo e recompensa rápidos e da redução da capacidade de concentração da maioria dos gamers.

Brothership acerta ao dividir a aventura em ilhas independentes, as quais podem ser concluídas em menos de 30 minutos. Dessa forma, o jogador não se sente exaurido ou aborrecido pela duração mínima das sessões de jogatina exigida para que se conquiste alguma coisa no título. O resultado é um game perfeitamente adaptado à proposta híbrida do Switch, permitindo que se aprecie a jornada com um ritmo extremamente agradável.

Um Elefante no Meio da Sala

Até o momento eu só falei de aspectos positivos deste game; pois bem, agora vamos falar sobre o principal defeito do título: a história. O enredo dos jogos da franquia Mario & Luigi sempre foi extremamente interessante e envolvente, com destaque para as aventuras vivenciadas em Bowser’s Inside Story. Infelizmente, Brothership peca nesse sentido, apesar de ainda contar com a comédia e as piadas sem nexo que sempre fizeram parte da série.

Os irmãos Mario e Luigi são retirados do reino do cogumelo de repente, sendo sugados por um misterioso portal que lhes joga em uma terra desconhecida. Sem praticamente qualquer explicação ou até mesmo motivação, os dois acabam tomando para si a responsabilidade de restaurar faróis espalhados por ilhas errantes nos oceanos. E esta é a proposta da história; um simples plano de fundo, uma justificativa genérica para que a aventura se desenrole.

Se falarmos dos personagens secundários, as coisas ficam um pouco mais complicadas. Alguns seres são interessantes e cheios de personalidade, enquanto outros parecem vomitar um roteiro clichê e sem muita graça em suas falas. Temos desde um dançarino frenético conhecido como “o mestre do passinho” até um habitante de idade avançada com nenhuma característica a não ser a reprodução do batido estereótipo do idoso com dores nas costas. Certamente faltou personalidade na construção de personagens.

Vale a Pena?

Brothership é um presente para os nintendistas fãs de RPG. Com uma duração média de 35 horas, o game consegue manter com honra o legado da finada Alpha Dream. Em nenhum momento do jogo eu me senti entediado ou forçado a seguir em frente, sempre experenciando felicidade em cada sessão de jogatina.

Apesar de a história do game ficar devendo em complexidade, a sua proposta simples funciona e não chega a ser maçante. O fato do jogo estar totalmente localizado em Português brasileiro também ajuda muito, ainda mais por se tratar de uma ótima tradução. Se você gosta de jogos de batalha por turno e é fã dos irmãos italianos, Mario & Luigi Brothership é título obrigatório na sua coleção.

NOTA: 9

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Jornalista, Youtuber e Influencer há 12 anos trabalhando com games

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