A Ubisoft certamente é uma das empresas mais importantes e famosas do mundo dos games, sendo responsável por clássicos que marcaram gerações. Porém, por quase uma década, a developer francesa exploração a exaustão suas três principais franquias da atualidade: Assassin’s Creed, Just Dance e Far Cry. Todo ano tínhamos uma nova edição destas séries, ao ponto dos jogadores ficarem cansados de receber sempre a mesma coisa anualmente.
Muito além das apostas com foco em single player mais recentes, como Watch Dogs, The Crew e Immortals Fenix Rising, uma antiga pérola gamer ficou esquecida por quase 10 anos: Prince of Persia. A trilogia Sands of Time, Warrior Within e Two Thrones foram um sucesso estrondoso na geração PS2, trazendo um excelente desafio baseado em plataformas e combate com ambientação oriental. Porém, as aventuras do “Principe da Pérsia” começaram de maneira muito mais clássica, com seu título original sendo lançado para PC em 1987 em um formato de jogabilidade 2D.
A proposta de Prince of Persia The Lost Crown é justamente resgatar as origens da franquia, mesclando elementos do gênero hoje conhecido como “metroidvania” com um sistema de combate veloz e intuitivo. Mas será que a Ubisoft conseguiu acertar na execução deste plano tão ousado?
Novo começo, Novos personagens
O enredo do game é diferente de qualquer jogo anterior da franquia, trazendo uma proposta bastante interessante. A Pérsia é retratada como uma nação que sofre constantemente com guerras e conflitos, e a única razão para não ter sido dominada por outros povos é a existência dos Imortais, os 7 guerreiros lendários mais poderosos do reino. Dentre estas figuras está Sargon, o personagem principal da história, que abandonou a vida de plebeu e conquistou seu lugar de destaque por conta da sua força e coragem.
Tudo corria bem na vida dos nossos heróis, até que o Príncipe da Pérsia é sequestrado e levado a um local onde o tempo passa de modo diferente, podendo parecer horas, dias ou semanas dependendo de cada pessoa que entra naquele território. Agora cabe a Sargon resgatar o monarca e desvendar a grande conspiração que ameaça a ordem do reino.
A Perfeição dos Metroivanias
Prince of Persia The Lost Crown é um Metroidvania, isso não é possível negar. Basicamente o jogo é composto de um mapa gigantesco e complexo que esconde passagens e segredos por trás da necessidade de melhorias e upgrades. Isso quer dizer que conforme você for avançando na história você vai receber poderes que vão te permitir alcançar locais que antes você não conseguia, seja por eles serem muito altos, muito distantes ou terem algum tipo de bloqueio.
Porém, mesmo bebendo da fonte de outros jogos de sucesso desse mesmo gênero, o novo Prince of Persia tem um forte diferencial: ela dá a opção ao jogador de como eles gostaria de explorar os vastos ambientes. Você pode escolher não ter nenhuma dica ou marcador na tela, tendo que descobrir sozinho o seu caminho e objetivos ou receber ajuda e ter uma experiência mais focada na ação, sem precisar queimar a cabeça por isso. Marcadores também pode ser espalhados pelo jogador para lembrar dos locais nos quais retornar vai ser necessário no futuro. Como alguém que tem um péssimo senso de direção e se perde facilmente em quase todo game que joga, essas opções são muito bem-vindas e trazem uma bela acessibilidade ao título.
Combate Rápido e Divertido
Além das cenas de história e do seu sistema de navegação, dois pontos são essenciais para The Lost Crown: jogabilidade e combate. Em termos de movimentação e plataforming, saiba que você poderá escalar elementos, agarrar-se em anéis, balançar-se em mastros, deslizar junto a paredes e atravessar plataformas em busca de salas mais profundas. Todo o espírito de liberdade e acrobacias da franquia Prince of Persia está presente, tendo sido implementado de maneira maravilhosa pela Ubisoft.
E quando o assunto é batalhar, saiba que o game também é bastante competente. Sargon pode executas combos com as espadas gêmeas, chutar inimigos, realizar combos aéreos, disparar flechas e utilizar poderes especiais para causar elevadas quantidades de dano. Além disso, é bom abusar do sistema de bloqueio e parry, e escorregar por debaixo dos inimigos para escapar de golpes e obter melhores posições durante a batalha. Fácil de aprender, difícil de dominar, eis o sistema de combate do game.
Beleza do Switch ao PC
Apesar do jogo estar disponível para diversas plataformas, incluindo os consoles de última geração, eu optei por avaliar a versão para Nintendo Switch. Como sabemos, o console hibrido não é muito potente, ficando abaixo do desempenho de aparelhos já considerados defasados como Playstation 4 e Xboxone. Dito isso, posso dizer que fiquei bastante satisfeito com o que vi e joguei no aparelho nintendista.
Os gráficos da aventura são limpos e utilizam uma direção de arte bastante agradável, fugindo da tendência de jogos hiper-realistas que temos visto em muitos títulos triple AAA. No modo portátil, o jogo roda a 720p, sem quedas relevantes de FPS ou travamentos. Pela tela do Switch, que tem um tamanho reduzido, é difícil notar serrilhados e texturas em baixa resolução. Porém, mesmo sendo executado a 1080p, quando utilizamos a Dock para conectar o console a um televisor, as limitações gráficas se tornam mais evidentes.
Devo deixar claro que tive a oportunidade de testar o novo Prince of Persia em PC com gráficos no máximo, o que me trouxe um padrão bastante exigente para o seu aspecto visual. Porém, mesmo perdendo em polimento e complexidade, a versão para Nintendo Switch é bastante competente e entrega uma boa experiência para quem optar pela plataforma da gigante japonesa.
Vale a Pena?
Prince of Persia The Lost Crown é uma carta de amor aos fãs da franquia de aventura que não via um novo título da linha principal a muito tempo. É evidente o carinho que a Ubisoft teve como esse universo ambientado no oriente médio, não medindo esforços para agradar tanto os jogadores mais saudosistas quanto os novatos.
Com uma campanha principal com duração média entre 20 e 25 horas, o game é uma ótima opção para quem deseja mergulhar em um mundo mágico e repleto de personalidade. A única coisa que o afasta de um ser um título perfeito é a ausência daquela ar de jornada épica com momentos marcantes, presente nos títulos mais aclamados da indústria. O novo Prince of Persia diverte e executa seu papel com perfeição, mesmo que não chegue ao patamar de storytelling e envolvimento de gigantes como God of War, The Last of Us e The Legend of Zelda.
Com versões para PC, Nintendo Switch, Xboxone, Xbox Series S/X, Playstation 4 e Playstation 5 e uma competente localização para o Português, Prince of Persia The Lost Crown se estabelece em 2024 como um exemplo de reboot incrivelmente bem executado.